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Lição 5: Destruindo Fortalezas; Vitória em Jericó (Josué 6:1-27)

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Introdução

É claro que era crucial um plano para conquistar a terra de Canaã, com os seus gigantes e cidades fortificadas, mas Deus nunca deixa o Seu povo entregue às próprias estratégias. Vem em seu auxílio, trazendo o Seu plano divinamente providenciado. De facto, somos repetidamente avisados na Escritura contra o acto de nos apoiarmos no nosso próprio conhecimento ou planos (Prov. 3:5-6; Jer. 9:23-24; 17:5). Indubitavelmente, a estratégia para invadir a terra baseava-se na configuração geográfica da mesma. Campbell escreve:

O modelo da estratégia divina para a conquista de Canaã baseava-se em factores geográficos. A partir do seu acampamento em Gilgal, perto do Rio Jordão, os israelitas conseguiam avistar colinas íngremes a Oeste. Jericó controlava o caminho da subida até essas montanhas, e Ai, outra fortaleza, ficava no topo da subida. Se os israelitas pretendiam capturar o país montanhoso, precisavam certamente de tomar Jericó e Ai. Tal colocá-los-ia no topo da região montanhosa e no controlo do cume central, criando uma divisão entre as secções Norte e Sul de Canaã. Israel poderia então envolver em batalha os exércitos do Sul, seguidos pelo inimigo mais remoto a Norte. Mas, primeiro, Jericó teria de sucumbir – e assim seria, se Josué e o povo seguissem o plano de acção do Senhor. 1

James Boice tem esta nota histórica:

A certa altura, o brilhante Marechal-de-Campo inglês Edmund H. Allenby terá também estudado este livro, pois a estratégia de Josué foi a mesma que adoptou na libertação bem-sucedida da Palestina, durante a Primeira Guerra Mundial. A Palestina é um país montanhoso, e a principal passagem através dela é uma estrada de ligação, que se estende de Sul para Norte através das porções mais altas da terra. A estratégia de Josué (e de Allenby) consistia em dirigir-se para Oeste desde o vale do Jordão até essa estrada elevada, dividindo assim o país. Depois, quando as forças inimigas se encontrassem divididas, destruiriam primeiro a oposição a Sul, seguida da oposição a Norte. Este é o esquema da campanha descrita em Josué 6-11.

Para que fosse possível dividir o país, teria de ser criada uma separação desde o Rio Jordão até às montanhas. Neste ponto, o primeiro obstáculo era Jericó, uma fortaleza militar construída para possibilitar defesa de uma aproximação oriunda de Este em direcção à região montanhosa. Não podia ser evitada; contornar Jericó significaria deixar uma grande força militar à retaguarda. 2

Em vista da configuração da terra e da distribuição das torres e fortalezas, o plano estratégico consistia em criar uma divisão entre as linhas de defesa inimigas, de modo a conquistar a terra em três campanhas: uma no centro da terra, uma a Sul e uma a Norte. Portanto, os israelitas atacaram primeiro a porção central, o que preparou o caminho para as operações a Sul e depois a Norte. O mapa abaixo, retirado da obra Ryrie Study Bible, mostra a movimentação de Israel na porção central de Canaã. 3

O nosso texto divide-se facilmente em três partes:

  1. O Plano ou Estratégia para a Vitória (6:1-7)
  2. O Caminho ou Sequência até à Vitória (6:8-21)
  3. A Promessa Cumprida, a Sequela da Vitória (6:22-27)

O Plano ou Estratégia para a Vitória (6:1-7)

1 Ora Jericó cerrou-se e estava cerrada, por causa dos filhos de Israel: nenhum saía nem entrava. 2 Então disse o Senhor a Josué: Olha, tenho dado na tua mão a Jericó e ao seu rei, os seus valentes e valorosos. 3 Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando a cidade uma vez: assim fareis por seis dias. 4 E sete sacerdotes levarão sete buzinas de carneiros diante da arca, e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes; e os sacerdotes tocarão as buzinas. 5 E será que, tocando-se longamente a buzina de carneiro, ouvindo vós o sino da buzina, todo o povo gritará com grande grita; e o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá, cada qual em frente de si.

6 Então chamou Josué, filho de Nun, aos sacerdotes, e disse-lhes: Levai a arca do concerto; e sete sacerdotes levem sete buzinas de carneiros diante da arca do Senhor. 7 E disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; e quem estiver armado passe diante da arca do Senhor.

Caso Josué tivesse reunido com os seus conselheiros militares, nenhum deles teria engendrado um tal plano. O plano apresentado pelo Senhor no capítulo 6 ilustra o princípio de numerosas passagens da Bíblia, tais como Provérbios 14:12 e Isaías 55:8 ss. O plano de salvação e libertação de Deus não é algo que o homem concebesse caso pudesse ou quisesse, devido à sua alienação básica de Deus e tendência para depender das suas próprias soluções. Ainda hoje, os homens estão inclinados a crer num plano de salvação e santificação que, de uma forma ou de outra, introduza trabalho na equação, em detrimento de unicamente fé, unicamente em Cristo. Alguns intitulam este evangelho de “crença fácil” [easy believism], quando a verdade é que a confiança simples em Cristo não é fácil; vai contra os princípios básicos do carácter humano.

As ordens dadas por Deus a Josué, relativas à conquista de Canaã, parecem obviamente estranhas quando comparadas com qualquer estratégia que o homem pudesse engendrar, mas somente se não conseguirmos pensar em termos bíblicos acerca da vida de fé e da incapacidade inerente do homem quanto a atingir a própria salvação ou santificação. Consequentemente, Josué 6 ilustra diversos conceitos vitais para caminharmos na fé e lidarmos com os inimigos espirituais que enfrentamos nesta vida.

Os Preparativos de Jericó (vs. 1)

O versículo 1 é um parêntesis destinado a introduzir-nos o plano para a tomada de Jericó; porém, entretanto, mostra-nos a forma como Jericó, tendo parado as suas actividades normais, se preparava para um cerco da parte de Israel, mas sem dúvida assustada e com o coração desmaiado devido às obras poderosas de Deus. Os habitantes tinham ouvido falar do Mar Vermelho, e certamente também do milagre no Jordão.

A Promessa do Senhor (vs. 2)

Antes de esquematizar o Seu plano, o Senhor assegurou graciosamente a vitória a Josué. Repare na ênfase: “Olha, tenho dado”. Foi ordenado a Josué que olhasse, compreendesse e reflectisse, como uma questão de confiança, no facto de que Yahweh já lhes concedera a vitória. A vitória chega sempre pela mão do Senhor e, visto que só é possível graças ao poder de Deus, devemos esperar que contorne a dependência do homem e sua força ou estratégias próprias. Assim, com a palavra “olha”, Josué é chamado a contemplar com olhos de fé, imaginando Jericó destruída. De modo similar, vez após vez no Novo Testamento, é-nos assegurado o nosso triunfo sobre o pecado e Satanás. “E, graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta, em todo o lugar, o cheiro do seu conhecimento” (2 Cor. 2:14). Veja ainda Romanos 6:1-14; Colossenses 2:6-15.

No texto hebraico, as palavras “tenho dado” representam um perfeito profético, descrevendo como já concretizados um evento ou acção futura. A vitória estava assegurada pela promessa de um Deus omnipotente, fiel e imutável.

Os Princípios a Ter em Conta (vss. 3 ss)

Este plano de batalha é, no mínimo, altamente incomum. Os métodos e armas comuns na guerra, tais como aríetes, escadas ou torres, não teriam qualquer uso. Em vez disso, Josué e os seus homens deveriam aplicar o plano de vitória de Deus, conforme esquematizado nos versículos 3-7. A cada dia, deveriam marchar silenciosamente em torno da cidade, trazendo os sacerdotes buzinas de carneiros. A cidade abrangia apenas cerca de 8.5 acres (aproximadamente 34.400 m2). No sétimo dia, rodeariam a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocariam as buzinas. Embora este método não mais viesse a ser aplicado noutras cidades, serviria para ensinar a Israel e ao povo de Deus em todas as eras que, ainda que tenhamos responsabilidades humanas quanto a demolir os baluartes erigidos contra o conhecimento de Deus, a vitória está dependente de duas coisas: o poder de Deus e a fé e fidelidade às Suas ordens ou planos.

O número sete ocupa uma posição proeminente neste capítulo. De facto, é usado onze vezes. Sete sacerdotes com sete buzinas marchariam em redor da cidade durante sete dias, dando depois sete voltas à cidade no sétimo dia.

O sete é um número importante na Escritura: (a) Significa perfeição ou plenitude, recordando-nos que o plano de Deus, não importa quão tolo nos possa parecer, é sempre perfeito, e não pode ser melhorado pelo homem (primeiro confira 1 Cor. 1:18 ss, e depois Rom. 12:2; 11:33-36). (b) Para além disso, o número sete mostra que a conquista fazia parte de um exercício ou processo espiritual, destinado a colocar o povo de parte (santificando-o) para o Senhor, como um povo santo que pertencia a um Deus santo. (c) Devido à importância do número sete para a criação e o Sábado, e ainda por estarem a entrar na sua herança, significava indubitavelmente o início de uma nova ordem, servindo a terra como imagem do repouso do crente no Senhor (veja Heb. 4).

Somos assim recordados de 2 Coríntios 10:4-5, “porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo”. Devemos prestar atenção a duas coisas que Paulo enfatiza nestes versículos:

(1) A Natureza das armas do crente: Tal como as muralhas de Jericó foram derrubadas sem intervenção de capacidades humanas, também as armas espirituais da nossa milícia são adquiridas através da oração, fé e diversas verdades da Palavra de Deus.

(2) O Projecto e Propósito das nossas armas: As nossas armas foram projectadas para derrubar baluartes – coisas edificadas por um sistema mundial satânico e por homens pecaminosos (tais como raciocínios, ideias, valores ou projectos humanos, etc.), que se opõem ao conhecimento de Deus (princípios bíblicos de graça, valores eternos, etc.) e àquilo que conhecer intimamente a Deus deveria significar na vida do Seu povo.

(3) O uso das buzinas estridentes acrescenta importantes melodias espirituais. Estas buzinas apenas podiam produzir algumas notas diferentes. Eram principalmente usadas como instrumentos de aviso. Eram utilizadas na altura do Jubileu, em associação com as cerimónias religiosas, a fim de proclamarem a adoração e presença de Deus, e ainda em contextos militares. Ambos os conceitos são aplicáveis aqui. Nesta passagem, sinalizavam a presença de Deus e anunciavam a desgraça iminente de Jericó. Não se tratava apenas de um empreendimento militar – as buzinas declaravam que o Senhor do céu e da terra estava presente para derrubar as muralhas de Jericó.

Aplicação: Cada um de nós tem a sua própria Jericó ou Ai, que atrapalha a nossa capacidade de tomar posse da nossa propriedade em Cristo; fortalezas virtuais que impedem o nosso progresso espiritual. Talvez seja uma fraqueza no nosso carácter, uma enfermidade física, indiferença geral relativamente a assuntos espirituais ou uma área específica que negligenciamos. Pode ser materialismo ou algum padrão dominante na vida. Poderá ser uma dificuldade no local de trabalho de alguém, em casa, com uma personalidade particular ou quiçá um problema financeiro. Independentemente da natureza da nossa Jericó, necessitamos de compreender que a vitória chega sempre através do plano de salvação de Deus – nunca do nosso.

O Caminho ou Sequência até à Vitória (6:8-21)

8 E assim foi, como Josué dissera ao povo; os sete sacerdotes, levando as sete buzinas de carneiros diante do Senhor, passaram, e tocaram as buzinas; e a arca do concerto do Senhor os seguia. 9 E os armados iam adiante dos sacerdotes que tocavam as buzinas; e a retaguarda seguia após a arca, andando e tocando as buzinas. 10 Porém, ao povo, Josué tinha dado ordem, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca, até ao dia que eu vos diga: Gritai. Então, gritareis. 11 E fez a arca do Senhor rodear a cidade, rodeando-a uma vez: e vieram ao arraial, e passaram a noite no arraial.

12 Depois, Josué se levantou de madrugada, e os sacerdotes levaram a arca do Senhor. 13 E os sete sacerdotes, que levavam as sete buzinas de carneiros diante da arca do Senhor, iam andando, e tocavam as buzinas, e os armados iam adiante deles, e a retaguarda seguia atrás da arca do Senhor; os sacerdotes iam andando e tocando as buzinas. 14 Assim rodearam outra vez a cidade no segundo dia, e tornaram para o arraial; e assim fizeram seis dias.

15 E sucedeu que, ao sétimo dia, madrugaram ao subir da alva, e da mesma maneira rodearam a cidade sete vezes: naquele dia somente rodearam a cidade sete vezes. 16 E sucedeu que, tocando os sacerdotes, a sétima vez, as buzinas, disse Josué ao povo: Gritai; porque o Senhor vos tem dado a cidade. 17 Porém, a cidade será anátema ao Senhor, ela e tudo quanto houver nela: somente a prostituta Raab viverá, ela e todos os que com ela estiverem em casa; porquanto escondeu os mensageiros que enviámos. 18 Tão somente guardai-vos do anátema, para que não vos metais em anátema, tomando dela, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o turbeis. 19 Porém, toda a prata, e o ouro, e os vasos de metal, e de ferro, são consagrados ao Senhor: irão ao tesouro do Senhor. 20 Gritou, pois, o povo, tocando os sacerdotes as buzinas: e sucedeu que, ouvindo o povo o sonido da buzina, gritou o povo com grande grita; e o muro caiu abaixo, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e tomaram a cidade. 21 E tudo quanto na cidade havia, destruíram, totalmente, ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento.

Estes versículos apresentam-nos a sequência de eventos desde o primeiro dia de marcha em torno da cidade até ao último, que culminou no colapso da muralha. A declaração acerca dos homens poderem subir “cada qual em frente de si” chama a nossa atenção para o facto de lhes ser possível atacar de qualquer ponto da cidade. Não havia somente uma ou duas brechas na muralha, pelas quais os soldados invadiriam Jericó. Todo o muro que a rodeava colapsara, à excepção da porção onde a casa de Raab estava localizada.

Alguns intérpretes argumentam que um terramoto terá causado a destruição. Nesse caso, tratou-se de um impressionante milagre de precisão temporal e espacial, uma vez que o acampamento em Gilgal (a pouco mais de uma milha – 1,6 km – de distância) e a casa de Raab permaneceram intactos. 4

A Preparação Prévia

Não devemos esquecer que as instruções e os eventos deste capítulo foram precedidos por um conjunto de coisas que Deus usou a fim de preparar o povo para acreditar n’Ele e Lhe obedecer. Israel fora preparado para confiar no Senhor graças aos acontecimentos dos primeiros capítulos e à sua consagração ao Senhor, especialmente no capítulo 5. Sou recordado de Lucas 16:10, “Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito”. A preparação espiritual é fundamental para a nossa capacidade de nos apropriarmos da força de Deus, em troca da nossa fraqueza.

A Prioridade do Silêncio

Consegue imaginar a dificuldade desta situação? Várias centenas de pessoas, caminhando à volta da cidade sem uma palavra, nem sequer um murmúrio! Estavam lá os sacerdotes com as suas buzinas, aqueles que transportavam a arca, os homens armados e o resto do povo, o que poderá ter incluído também as mulheres e as crianças. Nesse caso, o silêncio talvez tenha sido um milagre maior do que o colapso das muralhas!

A passagem não nos explica por que tinham de estar em silêncio, mas talvez isso ilustre e ensine o princípio de se manter calado diante de Deus, repousando simplesmente n’Ele. Vem à sua mente alguma passagem? Que tal Êxodo 14:14, “O Senhor pelejará por vós, e vos calareis”. Também no Salmo 46:10-11 se lê: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre as nações; serei exaltado sobre a terra. O Senhor dos Exércitos está connosco…”. Como este Salmo sugere, o silêncio ensina-nos a necessidade de nos calarmos, de pararmos de deambular para que possamos calmamente repousar n’Ele, enquanto pensamos n’Ele no meio das nossas provações e conquistas na vida. A nossa tendência é a de nos queixarmos e lamuriarmos a outros, procurando conforto nas pessoas em detrimento de falarmos com Deus, procurando n’Ele o nosso consolo.

O Princípio da Obediência Através da Fé

Independentemente de quão invulgar parecesse o plano ou quão difícil fosse concretizá-lo, houve obediência explícita. Em Hebreus 11:30, lemos: “Pela fé, caíram os muros de Jericó…”. Apesar dos insultos que talvez lhes fossem lançados das muralhas enquanto marchavam silenciosamente em torno de Jericó, estavam dispostos a parecer tolos, repousando simplesmente no Senhor. Ele era a fonte da sua força.

Se queremos ultrapassar os nossos obstáculos e provações, temos de nos submeter pela fé ao caminho de Deus:

Porque nós, pelo espírito da fé, aguardamos a esperança da justiça. (Gál. 5:5)

22 Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. 23 Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei. (1 Sam. 15:22-23).

O Princípio da Paciência

A ordem de Josué no versículo 10 – “Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca, até ao dia que eu vos diga: Gritai” – mostra que o povo terá compreendido que o plano de Deus envolveria mais do que um dia. Mesmo assim, uma leitura cuidadosa do texto também sugere que Josué não revelou todo o plano no início, mas deu-lhes instruções dia após dia. A cada dia, saíam e marchavam silenciosamente em torno da cidade, regressando depois sem que nada tivesse acontecido. As muralhas ainda estavam de pé e Jericó não se rendera. Não obstante, não murmuraram, queixaram ou questionaram as instruções de Josué. Simplesmente obedeceram, dia após dia, até ao sétimo, no qual rodearam a cidade sete vezes. À ordem de Josué, no sétimo dia, deram um grande grito, e as muralhas desmoronaram-se graças à mão poderosa de Deus. Não será relevante que a Hebreus 11:30, que diz “Pela fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias”, suceda uma passagem no capítulo seguinte, 12:1-2, que nos incentiva a corrermos a carreira que nos está proposta com paciência, olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé? Tal recorda-nos que, com frequência, o Senhor actua lentamente. Queremos salvação imediata, mas muitas vezes o Senhor testa a nossa fé e, entretanto, modela o nosso carácter e a nossa relação com Ele, até que encontramos no Senhor aquilo de que realmente precisamos.

2 Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, 3 Sabendo que a prova da vossa fé obra a paciência. 4 Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma (Tiago 1:2-4).

Demasiadas vezes, queremos soluções imediatas e que todas as nossas necessidades e desejos sejam atendidos, de modo a não termos de esperar no Senhor e confiar n’Ele. Queremos confiar na nossa saúde, nas nossas contas bancárias, na posição que ocupamos na comunidade, na nossa reputação, no nosso talento, educação e capacidades. Não desejamos confiar somente no Senhor. Para uma boa ilustração deste facto, compare a atitude de Naaman quando lhe foi dito que teria de se lavar sete vezes no rio Jordão (2 Reis 5:11-14). A purificação só teve lugar quando Naaman se humilhou e banhou sete vezes – não quatro, cinco ou seis, mas sete. Veja também o Salmo 62:1-8 e a ênfase dada à necessidade de esperarmos pacientemente a fim de encontrarmos repouso, não nas nossas soluções rápidas, mas somente em Deus. Certamente, o Senhor estava a ensinar a Israel a necessidade de aguardar com paciência, de modo a encontrar refúgio n’Ele.

A Promessa Cumprida, a Sequela da Vitória (6:22-27)

22 Josué, porém, disse aos dois homens que tinham espiado a terra: Entrai na casa da mulher prostituta, e tirai de lá a mulher, com tudo quanto tiver, como lhe tendes jurado. 23 Então entraram os mancebos espias, e tiraram Raab, e seu pai, e sua mãe, e seus irmãos, e tudo quanto tinha; tiraram, também, todas as suas famílias, e puseram-nos fora do arraial de Israel. 24 Porém, a cidade, e tudo quanto havia nela, queimaram a fogo: tão somente a prata, e o ouro, e os vasos de metal e de ferro, deram para o tesouro da casa do Senhor. 25 Assim, deu Josué vida à prostituta Raab, e à família do seu pai, e a tudo quanto tinha; e habitou no meio de Israel, até ao dia de hoje; porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado a espiar a Jericó.

26 E naquele tempo, Josué os esconjurou, dizendo: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó: perdendo o seu primogénito, a fundará, e sobre o seu filho mais novo lhe porá as portas. 27 Assim era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra.

Nestes versículos finais, deparamo-nos com alguns factos maravilhosos acerca de Deus e da forma como lida com o Seu povo. Primeiro, demonstram a fidelidade de Deus à Sua Palavra; lembram-nos que Deus, que É imutável e não pode mentir, É também absolutamente fiel (confira Tiago 1:17). As promessas feitas a Raab foram cumpridas – ela e a sua família foram salvas. Embora não esteja registado, é evidente que a parte da muralha na qual estava construída a casa de Raab não terá colapsado.

Em segundo lugar, demonstram a graça e misericórdia de Deus. O amor e plano de salvação de Deus estão abertos a qualquer pessoa que invoque o nome do Senhor (João 3:16; 2 Pedro 3:9; Rom. 10:11-13).

Por fim, ainda a propósito de ser fiel às Suas promessas, a profecia contra alguém que procurasse reconstruir Jericó (vs. 26) demonstra também a seriedade de Deus e a certeza da Sua Palavra. A profecia do versículo 26 veio a cumprir-se nos dias de Acab (veja 1 Reis 16:34). Após a sua destruição, Jericó foi ocupada esporadicamente, mas nunca como outrora.

Texto original de J. Hampton Keathley, III.

Tradução de C. Oliveira.


1 John F. Walvoord, Roy B. Zuck, Editors, The Bible Knowledge Commentary, Victor Books, Wheaton, 1983,1985, versão electrónica.

2 James Montgomery Boice, Joshua, We Will Serve the Lord, Fleming H. Revell, New Jersey, 1973, p. 68.

3 Charles Caldwell Ryrie, Ryrie Study Bible, Expanded Edition, Moody Press, Chicago, 1995, versão electrónica.

4 Ryrie.

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